A descoberta de um tumor cerebral é sempre um momento de apreensão, mesmo quando o diagnóstico aponta para um tumor benigno. Apesar de não apresentarem comportamento agressivo como os tumores malignos, eles podem trazer riscos importantes à saúde.
Isso acontece porque o cérebro é uma estrutura delicada, dentro do crânio, em que qualquer alteração de espaço ou pressão pode impactar funções essenciais. Como neurocirurgião, explico neste artigo os principais aspectos dos tumores cerebrais benignos, seus riscos, sintomas e quando a cirurgia pode ser necessária.
O que são tumores cerebrais benignos
Tumores benignos são formados por células que não apresentam comportamento invasivo de tecido cerebral saudável nem tendência a se espalhar para outras partes do corpo, como as metástases. No entanto, quando se desenvolvem no cérebro, podem comprometer áreas críticas responsáveis por memória, fala, visão, movimentos e equilíbrio, ou até mesmo na coluna, gerando perda de força e alterações da sensibilidade
Entre os tumores benignos mais comuns no sistema nervoso central estão:
- Meningioma – tumor geralmente de crescimento lento, originado nas células meningoteliais, aparecendo em pontos de contato entre a aracnóide e a dura, podendo se apresentar em locais de difícil acesso.
- Adenoma de hipófise – afeta a glândula hipófise, podendo alterar a produção de hormônios e, devido à sua proximidade com o trato óptico, perda da visão.
- Schwannoma – originários das células de Schwann, que formam a bainha de mielina dos nervos cranianos, sendo a sua localização intracraniana mais comum no nervo vestibular, podendo causar perda auditiva e tontura.
Apesar de benignos, esses tumores podem crescer e pressionar estruturas vitais, o que explica a necessidade de avaliação especializada e acompanhamento contínuo.
Riscos associados aos tumores benignos
Mesmo sem se espalharem pelo corpo, tumores benignos cerebrais podem trazer riscos sérios:
- Aumento da pressão intracraniana, causando dores de cabeça persistentes, náuseas e vômitos.
- Compressão de estruturas cerebrais, prejudicando fala, visão, movimentos ou memória.
- Alterações hormonais, quando o tumor afeta a hipófise.
- Crises epilépticas, em casos em que há irritação do tecido cerebral ao redor.
Esses riscos variam conforme o tamanho, a velocidade de crescimento e a região do cérebro em que o tumor se localiza.
Sintomas mais comuns
Os sintomas de um tumor cerebral benigno nem sempre aparecem logo no início. Muitas vezes, o diagnóstico ocorre em exames de imagem feitos por outro motivo. Quando presentes, os sinais podem incluir:
- Dores de cabeça que não melhoram com analgésicos comuns.
- Alterações visuais ou auditivas.
- Desequilíbrio, fraqueza ou formigamento em membros.
- Dificuldades de memória, concentração ou fala.
- Convulsões ou desmaios.
- Períodos de confusão
É importante destacar que esses sintomas também podem estar relacionados a outras condições neurológicas. Por isso, a avaliação adequado com um especialista se torna necessária quando feito o diagnóstico.
Indicações de tratamento cirúrgico
O tratamento dos tumores benignos depende de fatores como tamanho, localização, velocidade de crescimento e sintomas apresentados. Nem todos os casos exigem cirurgia imediata. Muitas vezes, a conduta inicial pode ser apenas acompanhar o tumor por meio de exames periódicos.
A cirurgia é considerada quando:
- O tumor está crescendo rapidamente.
- Há sintomas neurológicos relevantes.
- Existe risco de compressão de áreas vitais.
- A localização permite uma remoção segura.
Hoje, técnicas modernas de neurocirurgia possibilitam cirurgias com recuperação mais rápida e maior segurança para o paciente.
Receber o diagnóstico de um tumor cerebral benigno pode causar ansiedade, mas é importante saber que existem tratamentos eficazes e acompanhamento especializado para cada situação. Se você apresenta sintomas neurológicos ou já recebeu esse diagnóstico, agende uma avaliação. Juntos, podemos definir a melhor estratégia para preservar sua saúde e qualidade de vida.
FAQs - Perguntas frequentes
Não. Muitos tumores benignos podem ser apenas acompanhados com exames periódicos, desde que não estejam causando sintomas ou riscos. A cirurgia é indicada quando há crescimento significativo, sintomas ou risco de complicações. Cada caso precisa ser avaliado de forma personalizada.
Na maioria dos casos, não, sendo a sua malignização rara. Tumores benignos não têm comportamento invasivo. Porém, dependendo do tipo, podem crescer e provocar complicações importantes, exigindo acompanhamento regular.
Com os avanços da neurocirurgia moderna, os procedimentos se tornaram mais seguros visando sempre a qualidade de vida e a melhora dos sintomas do paciente. O risco sempre depende da localização e do estado clínico do paciente, e o tamanho, mas hoje existem técnicas que aumentam a precisão e reduzem complicações.